Entrei para a Banca no ano de 1981.
Magnifico para a época, tinha a solução dos meus problemas laborais e de carreira.
Com 24 anos a vida parecia-me sorrir. Tinha casado havia pouco tempo, a minha esposa já trabalhava, e era tudo o que podia acontecer de bom. Fui para um banco em que o espírito de família se encontravam com o espírito profissional. Havia a politica e o trabalho. As pessoas lutavam por uma vida melhor. Condições de trabalho melhores. O espírito era de conseguir mais e melhor, partilhava-se conhecimentos e reuniam-se famílias. Havia ligações entre os colegas e superiores.
Para mim era tudo novo apesar da minha experiência politica.
A gravata e o fato, típico do bancário, tinha desaparecido, descobri que ser empregado do banco era ser empregado de "carteira". Ninguém se considerava diferente e a união era uma palavra de ordem.
A tecnologia dos computadores tal como a conhecemos hoje, estava muito distante. Grande parte do trabalho realizado era manual e escrito. Registado em livros. Havia umas maquinas que perfuravam uns cartões e nos davam a informação. Não havia fax`s. Havia fichas micro filmadas que produziam informação, e que sistematicamente tínhamos que actualizar e ordenar para mais facilmente podermos consultar.
Os telefones eram a principal via de comunicação com as informações que queríamos. A sede era mesmo a sede. Daí partia toda a informação que queríamos.
Para pagar um cheque dum cliente de outro balcão e fazer a conferência desse cheque, tínhamos que telefonar para a agência correspondente e por intuição quase, íamos dando os dados do cheque. Ao cliente entregávamos uma "chapa" com um numero, e ele ia aguardando ate se conseguir a confirmação.
Havia um cliente que só assinava a verde. Essa era fácil, o colega perguntava do outro lado - Qual a cor que o cheque esta assinado? - Verde. Ok podes pagar.
- Estou a falar com quem? e reproduzíamos o nome no cheque, não fosse haver complicações futuras.
Havia dois tipos de telefone; um era de cor verde e outro de cor preta. O primeiro era interno e só usado para chamadas dentro do banco, o segundo estava ligado À rede publica e tínhamos instruções severas para o utilizar o mínimo possível.
Um dia estava sentado na minha secretaria onde existiam os dois telefones. O preto tocou e atendi.
Era a esposa do colega Afonso. Gritei para o balcão - Afonso! atende ai o preto. Do outro lado do balcão estava um cliente "preto" que num repente pergunta ao Afonso. - É comigo?
Coitado do Afonso, ficou embasbacado e eu sem saber onde me esconder.
Havia centenas de historias nesse tempo, algumas bem hilariantes.
Quando se entrava para a banca, o pior serviço era para os recém entrados. Fazíamos aquilo que os mais antigos não gostavam de fazer.
A aprendizagem era feita num curso a que chamavam de acolhimento. Ai era explicado o funcionamento do Banco, a origem o percurso e o futuro que se esperava. Normalmente éramos sempre os melhores e mais activos.
Mais tarde vim a reconhecer neste tipo de cursos, a importância que tinham e como era importante a sua existência, se bem que que a experiência e o conhecimento eram transmitidos pelo dia a dia.
Estava a entrar num mundo completamente novo e aliciante.
Passado algum tempo fui colocado em definitivo num departamento a que chamavam Conservatória de Letras. Nessa secção tratávamos de todas as letras do Banco e as que eram enviadas de outros bancos.
Não era um processo simples. Cada letra descontada no banco era junto a uma listagem pelo balcão correspondente para ser enviada no seu vencimento para esse balcão afim de ser cobrada.
Os outros banco entregavam diariamente num local chamado câmara de compensação, as letras que queriam que o nosso banco cobra-se e repetíamos a operação. Isto era um processo físico. Era conhecido pela cobrança interbancária.
Não era um serviço intelectualmente interessante, mas era muito trabalhoso. Passava o dia dentro duma caixa forte com cerca de 35 pessoas que só faziam isto.
Era muito complicado na altura, só viamos a luz do sol quando saiamos. Bom mas saíamos varias vezes por dia. E às 4,30 h lá estávamos na rua - Até amanhã.
Era curioso como fazíamos a câmara de compensação.
Pegávamos nas nossas letras que eram para ser cobradas nos outros banco, juntávamos a uma listagem com o correspondente banco bem legível e as 11 horas de todos os dias la nos encrontravamos. Era uma sala pequena com umas mesas em madeira. Disponhamos o maço das letras em cima e dizíamos - BPA ! chegava o colega do BPA, entregava-nos as letras deles e nós entregávamos as deles. Tudo certo e conferido voltávamos no outro dia.
Naquela altura não havia balcões dos bancos em todo o lado e um local onde o nosso banco não tivesse balcão tínhamos que recorrer ao balcão do banco que lá existisse. Isto depois obrigava a um pagamento entre os bancos, que a contabilidade fazia. No caso que haver dois bancos na mesma localidade mandávamos para o banco que gostávamos mais ou eventualmente aquele que nos levava mais barato
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
eu e a banca e a vida empresarial
Entrei para a banca em 1981.
Sai da banca no ano de 2005.
Vou escrever sobre a minha experiência na banca.
E mais tarde a minha vida empresarial.
Julgamento dum português comum
Sai da banca no ano de 2005.
Vou escrever sobre a minha experiência na banca.
E mais tarde a minha vida empresarial.
Julgamento dum português comum
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